O câncer de pâncreas, apesar de raro, figura em 7º lugar na lista dos 10 cânceres mais letais. Isso se dá pois é um câncer de difícil diagnóstico prematuro, uma vez que seus sintomas costumam se manifestar de forma mais aparente e característica nos estágios mais avançados. Não é incomum pacientes reclamarem de dores nas costas e, após meses usando anti-inflamatórios em vão, acabarem descobrindo se tratar de um tumor no pâncreas.
Os riscos de desenvolver a doença estão bastante ligados à faixa etária. São raros os casos em pacientes com menos de 30 anos, sendo a grande maioria dos tumores registrados em pacientes com mais de 60 anos. Os homens têm uma probabilidade ligeiramente maior do que as mulheres para esse tipo de tumor. Figuram ainda como fatores de risco, por exemplo, o tabaco, diabetes, genética e a obesidade.
Um registro famoso da doença foi do fundador da Apple, Steve Jobs. Ele teve câncer no pâncreas em 2003 e, após 8 anos de luta envolvendo uma cirurgia e terapias alternativas, veio a falecer.
O câncer de pâncreas é uma doença de difícil diagnóstico precoce devido aos seus sintomas normalmente se manifestarem de forma mais visível já nos estágios mais avançados. Outro fator importante é que muitos sintomas são mais suscetíveis de serem provocados por outras condições clínicas.
Um dos primeiros sinais da doença pode ser a icterícia. Trata-se de uma coloração amarela da pele e/ou olhos, causada por alterações na corrente sanguínea. Isso se dá devido a uma obstrução nos ductos do fígado. Porém essa característica se manifesta inicialmente quando temos um tumor localizado na cabeça do pâncreas. Tumores que começam no corpo ou na cauda do pâncreas não pressionam o ducto do fígado até que se desenvolvam e cresçam o bastante para isso. Além disso, a icterícia pode surgir devido a outras doenças hepáticas, muito mais comuns do que o câncer de pâncreas.
Dores nas costas ou no abdome são comuns em casos de câncer de pâncreas, mas, seguindo o exemplo do sintoma anterior, possuem enumeras outras causas mais comuns para seu surgimento. No caso do câncer de pâncreas, estão ligadas a compressões de órgãos vizinhos ou de nervos pelo tumor. Isso costuma ocorrer quando o tumor já se desenvolveu consideravelmente.
Um importante indicativo é o desenvolvimento do diabetes. O tumor afeta a produção de insulina e isso gera alterações nos níveis de açúcar. A predisposição genética é uma importante arma para o diagnóstico precoce. Quando há casos no histórico familiar é muito importante um acompanhamento e investigação para monitorar as condições do pâncreas.
O diagnóstico é feito a partir da identificação dos sinais e sintomas da doença. A partir daí são solicitados exames laboratoriais e de imagem da região do pâncreas.
Pelo fato de ser de difícil detecção, o câncer de pâncreas infelizmente apresenta alta taxa de mortalidade, por conta do diagnóstico tardio e de seu comportamento agressivo. Hoje quero abordar de uma forma um pouco mais detalhada sobre os sintomas e diagnóstico, até para tranquilizar um pouco meus pacientes e seguidores.
A doença é silenciosa nos estágios iniciais e, por conta disso, é muito importante estar atento aos fatores de risco, principalmente na questão genética. Se há histórico de casos desse tipo de câncer em sua família, vale a pena uma investigação mais específica a partir dos 50 anos, principalmente os homens. Fumantes, portadores de diabetes, pancreatite crônica e obesos, por exemplo, naturalmente precisam redobrar essa atenção.
A icterícia é um indicativo importante. Quando identificada em pacientes que se enquadram nos fatores de risco vale a pena investigar. Como em qualquer outro tipo de câncer, quanto mais cedo o diagnóstico, maiores serão as chances de cura.
Evitar os fatores de risco de origem comportamental e manter sempre uma relação próxima do médico, para que essa ou qualquer outra doença tenha mais chance de ser diagnosticada precocemente e tratada rapidamente são questões que podem aumentar bastante as chances de vencer a doença.
O tratamento do câncer de pâncreas segue alguns protocolos e varia de acordo com a fase da doença. O diagnóstico precoce faz muita diferença nas chances de cura, mas como se dá o tratamento?
Quando o tumor é ressecável (possível remoção cirúrgica) faz-se a cirurgia de remoção e depois quimioterapia. Mas existem tumores chamados de borderline. Tumores desse tipo não permitem uma cirurgia de remoção logo de cara, por isso o protocolo segue com quimioterapia neoadjuvante e depois cirurgia.
Tumores irressecáveis, ou seja, que não dão possibilidade de uma cirurgia de remoção, seja por suas características, pelo estado físico do paciente ou ainda em casos de metástase, são elegíveis para um tratamento de quimioterapia paliativa. A ideia é melhorar ao máximo as condições do paciente.
No ano de 2019 algumas publicações trouxeram novidades em algumas situações. É o caso da quimioterapia neoadjuvante mesmo nos tumores ressecáveis! Um estudo mostrou uma melhora considerável nos resultados a partir deste novo protocolo.
Para os pacientes que apresentam metástase com mutações BRCA1 e BRCA2 (aquelas já conhecidas no câncer de mama) a novidade é a manutenção com o Olaparibe, buscando diminuição das chances de progressão da doença (piora durante o tratamento). Essa estratégia é indicada quando se apresenta resposta durante a quimioterapia. Quando as mutações não estão presentes a manutenção deve ser continuada com quimioterapia mesmo.
Por fim, em 2020 a expectativa é por novos resultados e pesquisas que nos ajudem a compreender ainda mais a doença, novas perspectivas e abordagens terapêuticas.
Como sempre, eu irei acompanhar de perto para poder trazer até vocês as informações mais relevantes.
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