O câncer de ânus é uma doença que envolve o desenvolvimento de células malignas no tecido da região. Embora menos comum que outros tipos de câncer, como o de cólon ou de reto, sua incidência está aumentando, tornando-se uma preocupação significativa para a saúde pública. A prevenção e a detecção precoce são essenciais para melhorar os resultados de tratamento e aumentar a taxa de sobrevivência.
Estudos mostram que o câncer de ânus é responsável por aproximadamente 2% dos casos de câncer gastrointestinal. A prevalência é maior entre mulheres e indivíduos com histórico de infecções pelo Papilomavírus Humano (HPV), especialmente os tipos 16 e 18, que são altamente oncogênicos, ou seja, têm associação comprovada entre a infecção e o câncer.
O câncer de ânus tem relação com o HPV em 90% dos diagnósticos. Portanto, podemos considerar tumores sexualmente transmissíveis. Um caso famoso da doença foi o da apresentadora Ana Maria Braga, que em 2001 confirmou que o câncer foi proveniente do HPV e descoberto em estágio avançado.
O HPV é um grupo de vírus com mais de 200 tipos diferentes, sendo que alguns deles estão fortemente associados ao desenvolvimento de cânceres anogenitais, incluindo o câncer de ânus.
O mecanismo pelo qual o HPV causa câncer envolve a integração do DNA viral no genoma das células hospedeiras. Isso leva à expressão de proteínas virais que interferem na regulação do ciclo celular, promovendo o crescimento descontrolado das células e, eventualmente, levando ao câncer.
A vacinação é a medida preventiva mais eficaz contra as infecções pelo HPV, assim como as chances de recidiva – uma revisão da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) já comprovou que a chance de retorno da doença é reduzida em 80%.
Ainda de acordo com essa pesquisa, 99,6% das mulheres sexualmente ativas com até 45 anos, que apresentam resultados negativos para HPV ou são positivas para apenas um subtipo, podem se valer do benefício da vacina.
As vacinas disponíveis no Brasil – quadrivalente e nonavalente – são consideradas seguras e sem registros de reações adversas graves. Ambas podem ser aplicadas em homens e mulheres dos 9 aos 45 anos de idade. No Sistema Único de Saúde (SUS), o imunizante é administrado em crianças de 9 a 14 anos de ambos os sexos – a imunização acaba sendo mais efetiva nessa faixa etária.
A vacinação para adultos está disponível somente na rede privada – a exceção é para imunossuprimidos, transplantados ou pacientes oncológicos de até 45 anos, que têm direito de tomar o imunizante no SUS.
Embora não ofereçam proteção completa contra o HPV, os preservativos podem reduzir significativamente o risco de transmissão do vírus. Limitar o número de parceiros também pode diminuir a sua exposição.
Pessoas com alto risco de desenvolver câncer de ânus, como aquelas com histórico de HPV, HIV, ou outras condições que comprometem o sistema imunológico, devem realizar exames regulares. O exame de Papanicolaou anal, bem como a anuscopia de alta resolução são métodos eficazes para detectar alterações pré-cancerosas.
Os sintomas do câncer de ânus podem ser sutis e facilmente confundidos com outras condições benignas. É crucial estar atento a sinais como:
Embora esses sintomas possam ser causados por condições menos graves, como hemorroidas ou fissuras anais, é essencial não ignorá-los. Qualquer sintoma persistente ou incomum deve ser avaliado por um médico para excluir a possibilidade de câncer de ânus e iniciar o tratamento adequado o mais cedo possível.
Além dos sintomas, conhecer os fatores de risco pode ajudar na prevenção e na detecção precoce do câncer de ânus. Alguns dos principais fatores de risco incluem:
O tratamento do câncer de ânus depende do estágio da doença. As opções incluem:
Por fim, o prognóstico para o câncer de ânus varia conforme o estágio no momento do diagnóstico. Tumores detectados precocemente têm uma taxa de cura significativamente maior, enquanto cânceres avançados podem exigir tratamentos mais agressivos e têm um prognóstico mais reservado.
A conexão entre o câncer de ânus e o HPV é clara, destacando a importância da vacinação e de práticas seguras de sexo para a prevenção. A detecção precoce por meio de exames regulares pode salvar vidas, permitindo tratamentos mais eficazes. Fique atento aos sintomas e busque orientação médica se tiver qualquer preocupação. Você que é do Rio de Janeiro e necessita de uma consulta com uma médica oncologista da Gávea e da Barra da Tijuca, agende uma consulta.