Câncer de pulmão: o que sabemos sobre diagnóstico e tratamento

Câncer de pulmão: o que sabemos sobre diagnóstico e tratamento

O câncer de pulmão é o segundo mais comum no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, tanto em homens como em mulheres. De acordo com o INCA, cerca de 13% de todos os casos novos de câncer são de pulmão. Felizmente a taxa de incidência vem diminuindo desde meados da década de 1980, principalmente por conta da diminuição do hábito do tabagismo. Porém, os dados ainda são bem alarmantes: no Brasil, em 2015, foram 26.498 mortes.

O tabagismo é de longe o principal fator de risco. Cerca de 85% dos casos estão associados ao hábito de fumar, mas o fumo passivo (exposição à fumaça do cigarro) também contribui para o desenvolvimento desse tipo de tumor. Doenças pulmonares, como por exemplo a tuberculose, histórico familiar de câncer de pulmão e a exposição constante à poluição e determinados agentes químicos e ao amianto aumentam as chances de desenvolver a doença. A faixa etária mais frequente é acima dos 45 anos, sendo a maior incidência nos idosos.

Como o maior fator de risco da doença é um hábito (o tabagismo), é muito importante a conscientização! No fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis. Evitar o tabagismo, tanto o ativo como o passivo, bem como a exposição aos agentes químicos e ao amianto são importantes armas na luta contra a doença.

 

 Diagnóstico do câncer de pulmão

Os sintomas do câncer de pulmão geralmente não ocorrem até que a doença esteja avançada, mas algumas pessoas em estágio inicial podem apresentar alguns sintomas, como por exemplo:

– Tosse persistente;

– Escarro com sangue;

– Dor no peito;

– Rouquidão;

– Piora da falta de ar;

– Perda de peso e de apetite;

– Pneumonia recorrente ou bronquite;

– Sentir-se cansado ou fraco;

– Nos fumantes, há mudança no ritmo habitual da tosse e aparecem crises em horários incomuns.

Não quer dizer que uma simples tosse significa que alguém tem câncer, mas todos esses sintomas são dignos de acompanhamento médico. Um diagnóstico precoce pode aumentar bastante as chances de cura. O diagnóstico pode ser realizado por meio de exames clínicos, laboratoriais em conjunto com radiológicos, fundamentais para pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença. Exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas, mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença, como os apresentados no post anterior de fatores de risco, podem ser uma opção também para evitar uma doença descoberta muito tardiamente.

Infelizmente a realidade atual é a de que o diagnóstico precoce do câncer de pulmão ocorre em apenas parte dos casos, pois a maioria dos pacientes só apresenta sinais e sintomas em fases mais avançadas da doença. Se houver alguma evidência, a partir daí uma biópsia permite entender o tipo de tumor e quais estratégias seguir.

   

Tratamento para os diferentes tipos de câncer de pulmão

Existem duas divisões para o câncer de pulmão:

– Pequenas células: Cresce rapidamente e costuma migrar para órgãos distantes do pulmão.

– Não pequenas células: Tende a crescer mais lentamente e está dividido em três subtipos, sendo o mais comum o adenocarcinoma (o tipo encontrado no caso da Ana Maria Braga).

 

Pequenas células

O câncer de pulmão de pequenas células tende a se espalhar rapidamente para partes distantes do organismo. Se for diagnosticado um tumor muito pequeno, o tratamento cirúrgico pode ser uma excelente opção! Lógico que isso é avaliado pela equipe, entendendo se a estratégia cirúrgica é a melhor opção. Um diagnóstico precoce ajuda bastante nessa elegibilidade!

Quando temos uma doença mais desenvolvida a abordagem mais indicada é a quimioterapia e radioterapia. Dependendo do estágio de avanço do câncer a quimioterapia exclusiva é a indicação.

 

Não pequenas células

O tratamento do câncer de pulmão segue sua lógica a partir de vários fatores: estado geral do paciente, o tipo e estágio do tumor, entre outros. A partir daí a avaliação multidisciplinar (oncologista, cirurgião torácico, pneumologista, radioterapeuta, etc.) define a melhor estratégia de abordagem, que pode ser: Cirurgia, radioterapia e quimioterapia, que são as principais formas de tratamento, podendo ser aplicadas individualmente ou em conjunto.

Em um caso de câncer de pulmão do tipo não pequenas células, a equipe precisa avaliar alguns pontos:

– Se o tumor for pequeno, provavelmente a cirurgia é o caminho. Infelizmente apenas 20% dos casos estão nesse estágio quando descobertos. A condição clínica do paciente também influencia nessa decisão.

– Se o tumor é localmente avançado, a radioterapia se associa com a quimioterapia, seguida de imunoterapia.

– Para casos mais avançados, com tumores grandes, ou em casos de metástases, como alterações nos linfonodos cervicais por exemplo, o tratamento é sistêmico exclusivo e ocorre de acordo com os seguintes pontos:

1) Tumores escamosos: avalia-se o biomarcador PD-L1.

2) Adenocarcinoma: Pesquisa de mutações (EGFR, ALK, ROS1, BRAF). Pacientes com mutações fazem terapia oral, o que é ótimo pois não recebem quimioterapia venosa, muito mais agressiva e com mais efeitos colaterais. Em caso de ausência das mutações, avalia-se o biomarcador PD-L1 para determinar a estratégia a seguir:

  • PD-L1 >50% podem receber só imunoterapia ou imunoterapia + quimioterapia
  • PD-L1 1-50%: podem receber só imunoterapia ou imunoterapia + quimioterapia
  • PD-L1 <1%: imunoterapia + quimioterapia ou só quimioterapia

Conclusão

Portanto, é fundamental que fique claro que cada caso de câncer de pulmão é um caso. As informações que trago aqui representam um compilado de dados e resultados que a ciência compartilha de forma geral para melhor entendimento da doença. Seu caso precisa ser analisado para um médico de perto. Somente seu médico pode lhe orientar especificamente sobre o seu caso. Não esqueça!

Por fim, se tiver dúvidas, estou por aqui!

Entre em contato!