O tratamento padrão de câncer de reto médio ou baixo localmente avançado se baseia em quimiorradioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia), seguida de cirurgia e posteriormente, a depender do laudo histopatológico da peça cirúrgica, avaliação de quimioterapia adjuvante (complementar).
Considerando o período de quimiorradioterapia, o intervalo para realização da cirurgia e a recuperação pós operatória, o paciente demora cerca de 5 meses para receber a quimioterapia completa. Além disso, 30% dos paciente não recebe a quimioterapia adjuvante e 50% não recebe a dose completa. O que encontramos é taxa de recorrência local de 5-10% e de recorrência à distância de 30-35%, 3 a 7 vezes maior que local.
Então, para otimizar o tratamento de câncer de reto, estão sendo estudadas medidas de intensificar o tratamento neoadjuvante. Como? Oferecendo quimioterapia de indução antes da quimiorradioterapia ou quimioterapia de consolidação depois da terapia combinada.
A quimioterapia de indução se baseia no racional de que oferecendo o tratamento sistêmico upfront trataria precocemente as micrometástases, teria melhor tolerância e promoveria a redução do tumor primário, permitindo um tratamento local mais eficaz e maiores taxas de cirurgias curativas.
Os estudos com este conceito são pequenos, mas não mostrou aumento da taxa de resposta patológica completa, de diminuição tumoral ou de cirurgia completa (R0). Assim como não houve aumento de sobrevida global ou livre de doença. No entanto, as complicações pós operatórias foram semelhantes (não foi deletério), teve melhor tolerância e melhora mais precoce dos sintomas relacionados ao tumor (dor, sangramento, constipação).
Alguns estudos tentaram acrescentar anticorpo monoclonal, como o EXPERT-C, que comparou a quimioterapia de indução com cetuximab ou sem o anticorpo mostrou aumento de sobrevida global e maior taxa de resposta, sem diferença em sobrevida livre de recorrência ou de taxa de resposta completa. A adição do bevacizumab aumentou a taxa de resposta patológica completa, mas às custas de aumento das complicações pós operatórias.
A quimioterapia de consolidação, por outro lado, se baseia no racional que o aumento do intervalo entre a quimiorradioterapia e a cirurgia aumenta a taxa de regressão tumoral. Estudos recentes mostram que esperar 10 a 12 semanas parece ser um excelente intervalo para a melhor resposta. No entanto, mais que 12 semanas parece aumentar o metabolismo do tumor primário. Se durante este período de espera eu puder oferecer tratamento sistêmico eficaz para o paciente? Idealmente, diminuiria o risco de metástase à distância durante este período e atacaria os clones de células neoplásicas resistentes à radioterapia. Nos estudos recentes, esta abordagem aumentou a taxa de resposta patológica completa e a proporção de pacientes candidatos ao watch and wait, com taxa de preservação esfincteriana e cirurgia completa (R0) semelhantes.
O tratamento multimodal melhorou o prognóstico do câncer de reto e otimizar esta abordagem parece ser um caminho para um tratamento mais eficaz. A resposta à quimioterapia de indução e à quimiorradioterapia tem valor prognóstico no tratamento desta doença.
Seguimos em frente observando novas atualizações do estudo.
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