Câncer de endométrio: novas alternativas para o seu tratamento

Câncer de endométrio: novas alternativas para o seu tratamento

Na lista de maior número de casos, o câncer de endométrio é o sexto que mais acomete mulheres no Brasil. São cerca de 8 mil diagnósticos por ano. Em todo o mundo, até o ano de 2040, haverá um aumento na incidência da doença em 40%, e um crescimento de 60% no número de mortes no mesmo período.

Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a adição da imunoterapia, durvalumabe, ao tratamento padrão de primeira linha com quimioterapia, (carboplatina/paclitaxel). Isso traz uma nova perspectiva para pacientes com câncer de endométrio avançado, pois estudos apontam uma diminuição de 32% no risco de progressão ou morte nesse subgrupo específico.

Novas perspectivas no tratamento do câncer de endométrio

O câncer de endométrio, um dos tipos mais comuns de câncer ginecológico, tem recebido atenção crescente devido às novas abordagens terapêuticas que prometem melhorar significativamente os resultados para os pacientes. Entre essas abordagens, o uso de durvalumabe e olaparibe tem se destacado, especialmente com os resultados promissores do estudo clínico DUO-E. 

Hoje, entre 15% e 20% dos casos de câncer de endométrio são diagnosticados em estágio avançado, sendo comumente tratados com quimioterapia. A taxa de sobrevida em cinco anos fica em torno de 20% a 30%. Em casos ainda mais agressivos ou em que houve recidiva, as opções de tratamento são ainda mais limitadas. 

Durvalumabe

O durvalumabe é um anticorpo monoclonal que bloqueia a interação entre a proteína PD-L1 e seus receptores, PD-1 e CD80. Isso aumenta a resposta imunológica contra as células tumorais. Esta imunoterapia tem mostrado eficácia em diversos tipos de câncer, e agora está trazendo esperança para pacientes com câncer de endométrio.

A combinação da imunoterapia com quimioterapia em primeira linha de tratamento tem o potencial de revolucionar o cenário de tratamento do câncer de endométrio avançado no Brasil. 

A aprovação pela Anvisa foi com base no estudo DUO-E, que avaliou a eficácia da combinação de durvalumabe e olaparibe. Os resultados preliminares são encorajadores, apontando para benefícios significativos em várias métricas clínicas, dentre elas, por exemplo:

  • Melhoria da taxa de resposta: pacientes tratados com a combinação de durvalumabe e olaparibe mostraram uma taxa de resposta objetiva mais alta em comparação com tratamentos tradicionais.
  • Prolongamento da sobrevida global e livre de progressão: o estudo destacou uma melhoria significativa tanto na sobrevida global, bem como na sobrevida livre de progressão*. Isso reforça o potencial desta combinação terapêutica.

*Aqui os resultados foram ainda mais significativos para pacientes pertencentes ao subgrupo dMMR. Esse subgrupo corresponde entre 20% e 30% dos casos de câncer de endométrio avançado, e teve redução de 58% do risco de progressão da doença ou morte.

  • Qualidade de vida dos pacientes: os pacientes relataram uma melhoria na qualidade de vida, com menos sintomas relacionados ao câncer e aos tratamentos.

Olaparibe

O olaparibe é um inibidor de PARP (Poli ADP-ribose polimerase) que tem mostrado resultados notáveis em cânceres com deficiência em recombinação homóloga, como aqueles associados a mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Sua aplicação no câncer de endométrio, em combinação com outras terapias, está abrindo novas frentes no tratamento da doença. Dentre os seus benefícios, estão, por exemplo:

  • Aumento da sobrevida livre de progressão: o olaparibe tem demonstrado prolongar significativamente a sobrevida livre de progressão em pacientes com câncer de endométrio, especialmente aqueles com defeitos na reparação do DNA.
  • Combinação eficaz com imunoterapia: a combinação de olaparibe com imunoterapias, como o durvalumabe, tem mostrado sinergia, resultando em respostas mais duradouras, bem como efetivas.
  • Terapia personalizada: o uso de olaparibe permite uma abordagem mais personalizada no tratamento, direcionando a terapia para as vulnerabilidades específicas do tumor.

Por fim, o avanço no tratamento do câncer de endométrio com a introdução de durvalumabe e olaparibe representa um passo significativo na oncologia. Os resultados do estudo DUO-E são particularmente promissores. Eles sugerem que a combinação dessas terapias pode oferecer uma nova esperança para pacientes que anteriormente tinham opções limitadas. 

Com a contínua pesquisa, espera-se que esses tratamentos inovadores se tornem a base do manejo clínico do câncer de endométrio. Com isso, o caminho é melhorar significativamente os resultados e a qualidade de vida dos pacientes.

Sobre o câncer de endométrio

O câncer de endométrio é uma doença heterogênea que se origina no tecido que reveste o útero. Geralmente afeta mulheres na pós-menopausa, com maiores casos na faixa etária dos 60 anos. O diagnóstico em seu estágio inicial é feito entre 80% e 85% dos casos. Dentre os sintomas podemos destacar, por exemplo:

  • Sangramento vaginal anormal, especialmente após a menopausa (presente em 90% dos casos);
  • Dor pélvica;
  • Dor durante a relação sexual ou micção;
  • Perda de peso inexplicada;
  • Alterações nos hábitos intestinais;
  • Sentir-se satisfeita rapidamente ao comer.

Fatores de risco

As causas exatas do câncer de endométrio não são completamente compreendidas, mas vários fatores de risco têm sido identificados:

  • Desequilíbrio hormonal: um excesso de estrogênio em relação à progesterona pode estimular o crescimento do endométrio, aumentando o risco de câncer.
  • Idade avançada: a maioria dos casos ocorre em mulheres na faixa etária dos 60 anos.
  • Obesidade: o excesso de tecido adiposo pode aumentar os níveis de estrogênio, elevando o risco.
  • História reprodutiva: mulheres que nunca tiveram filhos, que tiveram menstruação precoce ou menopausa tardia têm um risco aumentado.
  • Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP): a condição pode causar desequilíbrios hormonais que aumentam o risco.
  • História familiar: ter um histórico familiar de câncer de endométrio ou de outros tipos de câncer ginecológico.
  • Diabetes: a diabetes tipo 2 está associada a um risco maior devido à resistência à insulina e ao sobrepeso.
  • Uso prolongado de estrogênio: terapia de reposição hormonal que usa apenas estrogênio (sem progesterona) pode aumentar o risco.

Diagnóstico

O diagnóstico precoce é crucial para um tratamento eficaz. Os métodos de diagnóstico incluem, por exemplo:

  • Exame Pélvico: avaliação física dos órgãos reprodutivos.
  • Ultrassom transvaginal: usado para visualizar o endométrio e detectar anomalias.
  • Biópsia endometrial: remoção de uma pequena amostra de tecido endometrial para exame microscópico.
  • Histeroscopia: inspeção visual do interior do útero com um histeroscópio.
  • Curetagem: procedimento em que o tecido do revestimento uterino é raspado para análise.

O câncer de endométrio é uma doença complexa, mas com diagnóstico precoce e tratamento adequado, as chances de cura e controle da doença são elevadas. Por fim, se você precisa saber mais sobre o tema ou necessita de uma consulta, faça o agendamento pelo meu site.