Câncer de ovário: conscientização e prevenção no Maio Azul

Câncer de ovário: conscientização e prevenção no Maio Azul

O câncer de ovário é o terceiro tumor ginecológico mais comum no Brasil. No triênio 2023-2025 espera-se mais de 7 mil casos da neoplasia para cada ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). 

Como o câncer de ovário afeta as mulheres?

O câncer se desenvolve nos ovários, órgãos responsáveis pela produção de óvulos e hormônios femininos. Quando células anormais começam a se multiplicar de forma descontrolada, formam-se tumores que podem se espalhar para outras partes do corpo.

O tumor geralmente apresenta sinais inespecíficos e isso dificulta o diagnóstico precoce, primordial para melhores resultados no tratamento. No entanto, é importante estar ciente dos sinais que podem indicar a presença dessa doença. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:

  • Dor pélvica persistente;
  • Perda ou ganho de peso sem causa aparente;
  • Fadiga incomum;
  • Inchaço ou desconforto abdominal (gases e indigestão, por exemplo);
  • Dificuldade em comer ou sensação de saciedade precoce;
  • Mudanças no hábito intestinal, como constipação ou diarreia;
  • Urgência urinária ou frequência aumentada de urinar;
  • Dores durante a relação sexual;
  • Sangramento vaginal anormal;
  • Aumento do crescimento de pelos faciais.

É importante observar que muitas dessas manifestações podem ter sua causa por conta de outras condições de saúde, e o câncer de ovário é apenas uma possibilidade. No entanto, se você estiver experimentando algum desses sintomas, especialmente se forem persistentes ou graves, é essencial procurar orientação médica para uma avaliação. O diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento eficaz.

Fatores de risco

Existem vários fatores de risco que podem aumentar as chances de uma mulher desenvolver câncer de ovário. Alguns desses fatores incluem:

  • Histórico familiar de câncer de ovário: mulheres com parentes de primeiro grau que tiveram câncer de ovário têm um risco aumentado de desenvolver a doença. Além disso, aquelas com uma história familiar de câncer de mama, especialmente se associada a mutações genéticas como BRCA1 e BRCA2, também têm um risco aumentado.
  • Mutação genética hereditária: certas mutações genéticas hereditárias, como as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, estão associadas a um risco aumentado de câncer de ovário. Portadoras dessas mutações têm um risco significativamente maior de desenvolver câncer de ovário ao longo da vida.
  • Idade avançada: o risco de câncer de ovário aumenta com a idade, sendo mais comum em mulheres acima dos 50 anos. No entanto, a doença pode ocorrer em qualquer idade.
  • Menopausa tardia: mulheres que entram na menopausa em uma idade mais avançada têm um risco ligeiramente aumentado de câncer de ovário.

Mais fatores

  • Uso prolongado de terapia de reposição hormonal: o uso prolongado de TRH, especialmente por mais de cinco anos, tem associação no aumento do risco de câncer de ovário. Alguns estudos sugeriram que o estrogênio, um dos hormônios comumente usados na TRH, pode estimular o crescimento de células ovarianas, aumentando assim o risco de câncer de ovário.
  • Nunca ter engravidado: mulheres que nunca engravidaram têm um risco ligeiramente aumentado de desenvolver câncer de ovário em comparação com aquelas que já tiveram filhos. A gravidez e a amamentação podem reduzir o número de ciclos menstruais ao longo da vida de uma mulher, o que por sua vez pode diminuir a exposição dos ovários a hormônios como o estrogênio.
  • Obesidade: a obesidade está associada a alterações nos níveis hormonais, incluindo níveis elevados de estrogênio. O aumento dos níveis de estrogênio pode promover o crescimento de células ovarianas anormais, aumentando assim o risco de câncer de ovário.
  • Histórico pessoal de câncer de mama: o câncer de mama e o câncer de ovário compartilham alguns fatores de risco comuns, como o histórico familiar de câncer e o uso de terapia de reposição hormonal, o que pode contribuir para o aumento do risco de desenvolver ambos os tipos de câncer.

Como prevenir o câncer de ovário?

Embora nem todos os casos possam ser evitados, existem medidas que as mulheres podem tomar para reduzir seu risco de desenvolver câncer de ovário. Uma das estratégias de prevenção mais importantes é o uso de contraceptivos orais, também conhecidos como pílulas anticoncepcionais. Estudos têm mostrado que o uso desses contraceptivos está associado a um risco reduzido de câncer de ovário, pois podem ajudar a suprimir a ovulação, diminuindo assim a exposição dos ovários a certos hormônios.

Além disso, como eu já disse, a gravidez e a amamentação também têm associação a um menor risco de câncer de ovário. Durante a gravidez, o número de ciclos menstruais diminui, o que pode reduzir a exposição dos ovários a hormônios como o estrogênio. Da mesma forma, a amamentação pode ter efeitos protetores adicionais.

Manter um peso saudável através de uma dieta equilibrada e exercícios regulares também é importante na prevenção do câncer de ovário, assim como evitar o tabagismo. 

Por fim, é importante realizar exames de saúde regulares, incluindo exames ginecológicos e exames de imagem dos ovários, para detectar precocemente quaisquer alterações que possam indicar câncer de ovário. 

Embora essas medidas possam ajudar a reduzir o risco de câncer de ovário, é importante ressaltar que nem todas as mulheres podem evitar a doença. Portanto, estar ciente dos sinais e sintomas e procurar atendimento médico se houver preocupações é fundamental para a detecção precoce e o tratamento eficaz.

Tratamento

O tratamento do câncer de ovário depende de vários fatores, incluindo o estágio da doença, a saúde geral da paciente e suas caracteristicas individuais. Geralmente, o tratamento pode envolver uma combinação de cirurgia, quimioterapia, terapia-alvo e, em alguns casos, radioterapia.

  • Cirurgia: é frequentemente o primeiro passo no tratamento do câncer de ovário. O objetivo da cirurgia é remover o máximo possível do tumor, juntamente com os tecidos circundantes afetados. Em alguns casos, isso pode incluir a remoção de um ou ambos os ovários, as trompas de Falópio e o útero, em um procedimento chamado histerectomia total com salpingo-ooforectomia bilateral. Se o câncer estiver em estágio avançado, a cirurgia pode incluir a remoção de tecidos adjacentes, como omento (tecido gorduroso que cobre os órgãos abdominais) e linfonodos.
  • Quimioterapia: após a cirurgia, muitas vezes é recomendado o tratamento com quimioterapia para destruir quaisquer células cancerígenas remanescentes no corpo. Ela pode ser administrada antes ou depois da cirurgia, dependendo do estágio do câncer e do plano de tratamento individual da paciente. Geralmente, são usados medicamentos quimioterápicos que são administrados por via intravenosa ou oral.
  • Terapia-alvo: alguns tipos de câncer de ovário podem responder bem a medicamentos direcionados, que são projetados para atacar especificamente as células cancerígenas, enquanto minimizam os danos às células saudáveis. Os medicamentos direcionados podem ser usados em combinação com a quimioterapia ou como parte de um tratamento de manutenção após a conclusão da quimioterapia.
  • Radioterapia: a radioterapia utiliza radiação de alta energia para destruir células cancerígenas. Embora não seja tão comum no tratamento do câncer de ovário como a cirurgia e a quimioterapia, pode ser usada em alguns casos, especialmente para tratar metástases (quando o câncer se espalha para outras partes do corpo), como no cérebro ou ossos.

Outros cuidados

Além dessas modalidades de tratamento, as pacientes podem se beneficiar de cuidados de suporte, como terapia de apoio para lidar com os efeitos colaterais do tratamento, suporte nutricional e psicológico, e programas de reabilitação física.

É importante ressaltar que o tratamento do câncer de ovário é altamente individualizado e pode variar de acordo com as necessidades e circunstâncias de cada paciente.

Mês de Conscientização e Prevenção do Câncer de Ovário

O Mês de Conscientização e Prevenção do Câncer de Ovário, conhecido como Maio Azul, é uma campanha dedicada a educar e sensibilizar o público sobre essa doença que afeta milhares de mulheres em todo o mundo. Durante todo o mês, organizações de saúde e grupos de apoio se unem para aumentar a conscientização sobre a importância da prevenção, detecção precoce e tratamento dessa doença.

A campanha tem como objetivo principal alertar as mulheres sobre os fatores de risco associados e incentivar a adoção de hábitos saudáveis que podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver a doença. Além disso, busca-se promover a importância da detecção precoce por meio de exames de rotina e do reconhecimento dos sinais e sintomas.

Como médica oncologista, estou aqui para oferecer apoio, orientação e cuidados especializados a todas as mulheres que enfrentam o câncer de ovário. Se você está preocupada, se possui fatores de risco conhecidos ou se deseja discutir opções de prevenção e detecção precoce, agende uma consulta comigo. Juntas, podemos trabalhar para proteger sua saúde e promover um futuro mais saudável.