O câncer de pulmão é um dos mais letais que existem, além de ser o mais comum de todos os tumores malignos. Atualmente, com o avanço da tecnologia, existem diversas opções terapêuticas que se seguem a partir da caracterização de subtipos da doença.
A evolução dos tratamentos para esse tipo de câncer se deu por meio da classificação dos tipos moleculares das neoplasias pulmonares. Os diagnósticos, em considerável quantidade, apresentam alterações mutacionais e para elas existem medicações específicas.
Drogas que visam alvos específicos associados ao crescimento e proliferação das células cancerígenas têm ganhado destaque. Estas terapias, conhecidas como terapias-alvo, oferecem a promessa de tratamentos mais eficazes com menos efeitos colaterais.
No último Congresso Europeu de Oncologia, que ocorreu em outubro de 2023, houve análises das estratégias de tratamento. Quando o câncer de pulmão é localizado, o tratamento envolve cirurgia ou radioterapia, sucedido de, normalmente, terapias sistêmicas para tentar evitar a recidiva da doença.
Foram analisados, em 261 pacientes com doença localizada e sem nenhum tipo de mutação específica, os impactos da imunoterapia combinada à quimioterapia antes da cirurgia, como também cenários em que somente a quimioterapia no pré-operatório foi adotada.
Os resultados mostraram que a chance de uma resposta completa na patologia, ou seja, de não encontrar mais a presença do câncer, foi cinco vezes maior no grupo que utilizou a quimioterapia com imunoterapia (com uma droga chamada nivolumabe). A imunoterapia, diga-se, melhora o sistema imunológico na ação de atacar o tumor.
Além disso, essa estratégia reduziu em 42% o risco de uma recorrência do câncer de pulmão, o que mostra um novo caminho para pacientes com doença localizada sem evidência de metástase e que não apresentaram alteração mutacional.
A alteração mutacional denominada RET, que aumenta o tamanho do tumor e sua agressividade, bem como tem maior poder metastático, também contou com análise. Um inibidor específico do RET, o selpercatinibe, foi avaliado em um estudo também comparativo com a quimioterapia e contou com 261 pacientes.
O resultado dessa terapia-alvo mostrou que houve uma redução do risco de progressão da doença ou morte em 54%. Trata-se, portanto, de outra droga promissora para pacientes com a alteração RET, dentro do conceito de medicamentos específicos para cada subtipo de tumor.
Portanto, pacientes com câncer de pulmão metastático que receberam terapia-alvo apresentaram uma melhoria significativa na sobrevida em comparação com aqueles tratados com quimioterapia convencional.
Apesar dos avanços, o caminho para a implementação generalizada dessas novas drogas enfrenta desafios. O custo dessas terapias inovadoras é uma barreira significativa, e a acessibilidade a esses tratamentos continua sendo uma preocupação crítica.
O futuro do tratamento do câncer de pulmão provavelmente envolverá a combinação estratégica de diferentes modalidades terapêuticas. A medicina personalizada, adaptada às características genéticas e moleculares de cada paciente, pode se tornar a pedra angular do tratamento.
As novas drogas introduzidas no cenário do câncer de pulmão representam uma revolução no tratamento. A transição de abordagens tradicionais para terapias mais direcionadas, como por exemplo terapias-alvo e imunoterapias, oferece uma nova esperança para os pacientes.
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