Câncer de rim: dos fatores de risco ao tratamento

Câncer de rim

Tipo de câncer afeta 3% da população mundial adulta; doença atinge mais os homens do que as mulheres e a faixa de idade mais recorrente é entre 55 e 75 anos

Muitas vezes, por não apresentar sintomas em seu estágio inicial, o câncer de rim pode se desenvolver de forma silenciosa no organismo – 40% dos casos são diagnosticados em fase avançada. Estimativas revelam que no ano de 2040 o número de pessoas afetadas pela doença em todo mundo chegará a 666 mil, com 19,7 mil casos no Brasil.

Como comparação, em 2020 foram registrados 431 mil casos globalmente, sendo 12 mil em solos brasileiros. Atualmente, a doença atinge 3% da população mundial adulta – os homens são mais afetados do que as mulheres, com a faixa etária mais recorrente sendo entre 55 e 75 anos. O câncer de rim é a terceira neoplasia mais comum do trato geniturinário.

Sintomas e fatores de risco do câncer de rim

O câncer de rim está entre os 13 tipos mais frequentes no Brasil. Dentre os sintomas, o principal é a urina com sangue (hematúria), vista a olho nu ou microscopicamente, e é presente entre 40 e 50% dos casos. Demais sinais que podem surgir, mas que não necessariamente são próprios da doença:

  • Dor na lombar, abdômen ou lados do corpo;
  • Varicocele (varizes no saco escrotal);
  • Anemia falciforme;
  • Hepatite C crônica;
  •  Falta de ar;
  • Perda de peso sem motivo aparente;
  • Cansaço constante;
  • Palidez;
  •  Inchaço das mãos e dos pés;
  • Perda da força muscular de um dos lados do corpo;
  • Volume abdominal;
  •  Uso crônico de aspirina, anti-inflamatórios ou analgésicos;
  • Febre por algumas semanas.

*Apenas entre 6% e 10% das pessoas registram os sintomas recorrentes, e 50% dos casos são assintomáticos.

Sobre os fatores de risco, o tabagismo é uma das principais causas do câncer. A maioria dos casos são em pessoas com mais de 50 anos de idade, sendo que o homem tem duas vezes mais chances de desenvolver a doença do que as mulheres.

A obesidade também contribui para uma probabilidade maior do câncer de rim. Uso prolongado de diálise, insuficiência renal, histórico familiar, hipertensão elevada, genética, e portadores da síndrome de Von Hippel-Lindau (patologia hereditária, responsável por entre 1 e 2% dos casos de câncer de rim, que envolve o crescimento de tumores em diversas regiões do corpo) são outros exemplos de fatores.

Importante frisar que indivíduos com histórico familiar de síndromes genéticas raras devem (!) consultar um especialista com regularidade.

Quais medidas preventivas eu devo tomar?

Ter hábitos saudáveis é sempre muito importante para diminuir os riscos de eventuais doenças, como, por exemplo, uma alimentação balanceada (com frutas, verduras e legumes), prática de atividades físicas (ajudam a eliminar toxinas), manter-se sempre hidratado, e não usar substâncias tóxicas, como o cigarro.

Quais os tipos de câncer de rim e como é o seu diagnóstico?

O tipo mais comum é o carcinoma renal de células claras (CRCC), que tem sua origem nos rins, mas pode se espalhar por outras partes do corpo. Corresponde entre 70% e 90% dos diagnósticos. O carcinoma papilar de células renais representa entre 10% e 15% das patologias. Já o carcinoma cromófobo de células renais aparece em 5% dos casos.

CCR do ducto coletor, CCR cístico multiocular, carcinoma medular, carcinoma tubular mucinoso e de células fusiformes e CCR associado ao neuroblastoma representam menos de 1% dos diagnósticos.

Quando há a confirmação do câncer, em 25% dos casos ele se encontra em estágio avançado evoluído em metástase – principalmente para os pulmões, fígado ou ossos. Em 55% o tumor ainda está localizado somente no rim, e 20% têm sinais de invasão regional (geralmente de linfonodos).

Em sua maioria o diagnóstico acontece por acaso em exames de rotina – exames radiológicos normalmente são os que detectam o câncer ou a sua suspeita. Nesse segundo caso é necessário a realização de uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Ambas possuem maior capacidade de distinção entre cistos suspeitos e cistos renais simples, que não são tumores malignos e não têm nenhuma relação com o câncer.

Ultrassonografia (identifica se a massa renal é sólida ou líquida), radiografia do tórax (avalia o acometimento dos pulmões e também pode ser usada em casos mais pontuais), e ressonância nuclear magnética (utilizada em situações muito específicas na avaliação dos tumores) são outros tipos de exames para a detecção do câncer de rim.

Tratam-se de tumores malignos quando nos exames são encontrados a presença de nódulos sólidos ou massa no interior do rim. Assim, realiza-se a cirurgia e anteriormente a ela é raro uma biópsia.

Tratamento

O tratamento vai ser de acordo com o estádio do tumor, no qual se determina o grau do câncer, seu tamanho e sua agressividade. Assim, divide-se em quatro os tipos de estádios:

  • Estádio I: o tumor está restrito ao rim e mede menos do que 7 centímetros;
  • Estádio II: o tumor está restrito ao rim e mede mais do que 7 centímetros;
  • Estádio III: o tumor tem qualquer tamanho, mas acomete pelo menos um gânglio próximo, invasão da veia renal ou gordura perirenal.
  • Estádio IV: apresenta metástase para outros órgãos como, por exemplo, pulmão, fígado ou ossos.

A cirurgia é uma opção quando a doença está localizada e em casos selecionados mesmo na doença metastática. Já a imunoterapia e terapia alvo são para casos mais complexos.

O recado, portanto, é: quanto mais precoce for o diagnóstico do câncer de rim, maior será a efetividade do tratamento, e menor será a chance de remissão da doença. Assim, tendo quaisquer indícios ou suspeitas, mesmo que possam ser outros problemas, procure por um especialista.