Primeiramente: você já ouviu falar em navegação de pacientes oncológicos? Quando há a confirmação do câncer, muitos pacientes ficam desorientados com a quantidade de informações recebidas e, por isso, há casos em que as pessoas preferem postergar a resolução de certos problemas – sejam eles psicológicos ou administrativos.
A metodologia da navegação de pacientes oncológicos, que chegou ao Brasil no início de 2010, diz respeito à jornada do paciente desde o diagnóstico do câncer até o final de seu tratamento. Ela envolve tanto o relacionamento entre profissionais da saúde e os indivíduos com câncer, quanto à integração processual dos hospitais e clínicas de atendimento.
Portanto, é um elo entre o paciente e a equipe multidisciplinar das clínicas de atendimento e dos hospitais, que ajuda a organizar os exames, e os agendamentos de exames e consultas para que o paciente não fique desorientado.
Os profissionais que integram a equipe multidisciplinar da navegação de pacientes oncológicos, são: assistente social, terapeuta ocupacional, cirurgião, clínico geral, médico pessoal, médico da família, enfermeiros, fisioterapeuta, nutricionista, oncologista, radiologista, patologista, psicólogo e psico-oncologista.
O médico oncologista é especialista em tumores malignos. Todos os pacientes que tiveram o diagnóstico de câncer deveriam passar em consulta com um oncologista para avaliação sobre qual melhor tratamento e como deve ser feito o acompanhamento.
Harold Freeman, médico norte-americano, tratava pacientes com câncer de mama na década de 80, no Centro Hospitalar de Harlem, em Nova Iorque. Lá, mesmo com tratamentos idênticos, as pacientes brancas estavam tendo maior porcentagem de cura da doença com relação às mulheres negras.
Ao ir a fundo no tema, Freeman descobriu que essa diferença nos índices de tratamento era por conta da disparidade social, com as negras sendo mais desfavorecidas. As inúmeras barreiras que elas tinham que enfrentar as desfavoreciam no tratamento e dificultavam a sua adesão.
Tais barreiras poderiam ser divididas, em geral, em quatro tipos:
Para vencer esses processos, Freeman criou a navegação de pacientes, na qual os profissionais da saúde guiavam os pacientes durante todo o processo de tratamento de forma em que pudessem ser eliminadas todas e quaisquer barreiras que existissem e prejudicassem o sucesso da terapia.
Importante citar também que nos hospitais privados, por lei, o prazo máximo para um paciente oncológico iniciar o seu tratamento é de 21 dias, e com a navegação é possível reduzir ainda mais esse tempo. Assim, quanto mais precoce iniciar a quimioterapia, melhor para o paciente.
Eu vivo esses processos diariamente e sei o quanto esses benefícios são importantes para quem está tratando a doença. A navegação de pacientes pode mudar a história de pessoas com câncer.
Por fim, convido você a ler o meu e-book: será que é câncer? Como será a caminhada desde o diagnóstico até o tratamento? Nele eu falo não somente sobre a questão da navegação de pacientes, mas toda a questão envolvendo a doença quando acontece a sua confirmação.